Após a pandemia, mais casos de escarlatina estão surgindo pelo mundo, especialmente em crianças. A pediatra e infectologista Carla Kobayashi, do Hospital Sírio-Libanês, explica que isso acontece porque as crianças, devido ao longo período de isolamento e medidas de distanciamento, estiveram menos expostas a doenças como a escarlatina nos últimos três anos, tornando-as mais propensas a serem infectadas pela bactéria que causa a doença. Apesar de preocupante para os pais, a boa notícia é que a escarlatina é facilmente tratável. Conheça os sintomas principais, os riscos de complicações e saiba como é feito o diagnóstico e tratamento.
O que é a escarlatina?
A escarlatina é uma doença infecciosa causada pela bactéria Streptococcus pyogenes, também chamada de Estreptococos do grupo A, que também provoca outras infecções como faringite bacteriana, impetigo e erisipela. O médico Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que a infecção atinge principalmente crianças em idade escolar e se manifesta com sintomas como amigdalite, afetando a garganta, febre e o surgimento de manchas vermelhas pelo corpo. A bactéria é transmitida por contato próximo com pessoas infectadas, mesmo que não apresentem sintomas, através de gotículas de saliva ou secreções contaminadas, e também por contato com a bactéria em infecções de pele.
Quais são os principais sintomas?
Os principais sintomas da escarlatina incluem dor de garganta, febre e lesões vermelhas e ásperas na pele. A infecção causada pela bactéria pode deixar a língua vermelha e áspera, conhecida como “língua em framboesa”. Menos comuns são a dor de cabeça, náuseas e vômitos.
O pediatra explica que as manchas, chamadas de exantema, aparecem de forma súbita com o início da febre, cobrindo rapidamente o corpo com uma textura semelhante a lixa na pele. Ele destaca que as lesões poupam a área ao redor da boca, preferindo regiões de dobras, como axilas, atrás dos joelhos e cotovelos.
Sem tratamento adequado, a infecção bacteriana pode levar a complicações agudas, como a formação de abcessos durante a amigdalite, e tardias, como problemas cardíacos, doença reumática e inflamação nos rins chamada glomerulonefrite. A bactéria também pode se espalhar pelo corpo, causando inflamações em locais como ouvidos, seios da face (sinusite), laringe e nas membranas que revestem o cérebro (meningite).
O diagnóstico da escarlatina
Se a criança apresentar sintomas suspeitos, é importante levá-la ao médico para avaliação. Além do exame físico, a confirmação da infecção pode ser feita por meio de um teste laboratorial usando um cotonete específico, chamado swab, que ficou conhecido pelo teste de Covid-19. No entanto, na maioria dos casos, o diagnóstico é feito apenas com base nos sintomas, segundo a explicação de Carla.
Como é feito o tratamento
O tratamento da escarlatina envolve o uso de antibióticos, conforme recomendado pelo médico. A penicilina é eficaz para eliminar a bactéria e prevenir complicações.
De acordo com o especialista da SBP, após 24 horas de uso do medicamento adequado, a criança não transmite mais a doença e pode retornar às suas atividades escolares se estiver se recuperando bem. A médica do Sírio Libanês destaca que a infecção não proporciona uma imunidade duradoura para futuros encontros com o patógeno.
“Após completar o ciclo de antibióticos e melhorar dos sintomas, a pessoa é considerada curada, mas ainda pode ter mais de uma infecção pelo Estreptococos”, explica Carla.
Como prevenir?
Para prevenir a escarlatina, é importante isolar os infectados até a completa melhora da febre ou durante o primeiro dia de uso de antibióticos. Além disso, são aconselhadas práticas de higiene, como lavar as mãos regularmente, evitar compartilhar itens pessoais e adotar medidas de etiqueta respiratória, como cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar.
Fonte: Veja Saúde