Como funciona a vacina ‘personalizada’ contra melanoma, que promete revolucionar tratamento de forma mais letal de câncer de pele 💉

Pesquisadores em Londres estão conduzindo um ensaio pioneiro que pode representar um grande avanço na luta contra o câncer. Eles estão testando a primeira vacina “personalizada” de RNA mensageiro (mRNA) para combater o melanoma, o tipo mais perigoso de câncer de pele. 

A vacina, chamada mRNA-4157 (V940), usa a mesma tecnologia das vacinas recentes contra a covid-19 e está sendo testada na fase final (fase III) antes de ser aprovada para uso em larga escala. 

Os testes também estão ocorrendo nos Estados Unidos e na Austrália, mas o Reino Unido foi o primeiro país a iniciar a fase III, após bons resultados nas fases anteriores. 

Um dos primeiros a participar desse ensaio é Steve Young, de 52 anos, que teve um melanoma removido do couro cabeludo no ano passado. O objetivo da vacina é ajudar o sistema imunológico de Steve a reconhecer e eliminar qualquer célula cancerígena que ainda possa estar presente em seu corpo, prevenindo o retorno do câncer. 

Os médicos do University College London Hospitals (UCLH) estão administrando a vacina junto com outro medicamento, o pembrolizumab (ou Keytruda), que também ajuda o sistema imunológico a combater as células cancerígenas. 

Assinatura genética 🧬

O tratamento com a vacina e o medicamento, desenvolvidos pelas empresas Moderna e Merck Sharp and Dohme (MSD), ainda não está disponível fora dos ensaios clínicos. Especialistas em outros países, como na Austrália, também estão testando em pacientes para obter mais evidências e decidir se o tratamento deve ser amplamente utilizado. 

A vacina é chamada de “personalizada” porque sua composição é ajustada para cada paciente. Ela é feita para se adequar à assinatura genética única do tumor de cada pessoa, instruindo o corpo a produzir proteínas ou anticorpos que atacam exclusivamente as células cancerígenas. 

A Dra. Heather Shaw, pesquisadora do UCLH, explicou que essa vacina tem potencial para curar pacientes com melanoma e está sendo testada em outros tipos de câncer, como pulmão, bexiga e rim. Ela destacou que “é uma das inovações mais emocionantes que vimos em muito tempo”. 

Por ser personalizada, a vacina não funcionaria em outro paciente, pois é feita especificamente para o tumor de quem a recebe. Como a Dra. Shaw afirmou, “Essas vacinas são altamente técnicas e projetadas especificamente para cada paciente.” 

“Com as luvas postas” 🧤

O ensaio internacional no Reino Unido tem como objetivo recrutar entre 60 e 70 pacientes em oito clínicas nas cidades de Londres, Manchester, Edimburgo e Leeds. 

Para participar, os pacientes devem ter passado por uma cirurgia para remover um melanoma de alto risco nas últimas 12 semanas, o que é essencial para garantir os melhores resultados. Alguns dos participantes receberão uma injeção simulada, conhecida como placebo, em vez da vacina real, mas nenhum deles saberá qual está recebendo. 

Steve Young, um dos participantes, disse em entrevista à BBC Radio 4 que o ensaio lhe deu a sensação de estar fazendo algo para lutar contra um inimigo invisível. “Os exames mostraram que eu estava livre de câncer, mas ainda havia a possibilidade de células cancerígenas não detectadas. Em vez de apenas esperar que o câncer não voltasse, tive a chance de colocar as luvas de boxe e enfrentá-lo”, comentou. 

➡️ Sintomas do melanoma 

Young, que é músico de profissão, teve um caroço no couro cabeludo por muitos anos antes de perceber que se tratava de um câncer. Ele disse que o diagnóstico causou um “impacto enorme” nele. 

“Passei literalmente duas semanas pensando ‘é o fim'”, explica. “Meu pai morreu de enfisema aos 57 anos e eu pensei ‘vou morrer mais jovem que meu pai'”. 

Os sinais mais comuns de melanoma que as pessoas devem ficar atentas são: 

Um novo sinal (como pinta, mancha ou verruga) anormal 

Um sinal existente que parece estar crescendo ou mudando 

Uma mudança (de cor ou textura, por exemplo) em uma área da pele que era normal. 

➡️ Qual o aspecto do melanoma? 

A mudança de aparência de um sinal, como nessas quatro imagens, pode ser um sinal de melanoma. A lista de verificação ABCDE pode ajudar a identificar se um sinal é anormal: 

A – assimétrico (o sinal tem uma forma irregular?) 

B – borda (as bordas são irregulares ou desiguais?) 

C – cor (o sinal tem uma cor irregular com diferentes tons ?) 

D – diâmetro (o sinal é maior que os outros?) 

E – evolução (está mudando? Começou, por exemplo, a coçar, sangrar ou formar crostas?) 

Essas mudanças nem sempre são cancerígenas, mas é importante fazer uma revisão.  

Quanto mais cedo um melanoma for detectado, mais fácil será tratá-lo e maiores serão as chances de sucesso. 

Os dados do ensaio de fase II, publicados em dezembro, revelaram que as pessoas com melanomas graves de alto risco que receberam a injeção junto com a imunoterapia Keytruda tinham quase metade (49%) das chances de morrer ou de ter o câncer reaparecido após três anos em comparação com aquelas que apenas receberam o medicamento. 

Shaw afirmou que havia uma esperança real de que a terapia pudesse “mudar as regras do jogo”, especialmente porque parecia ter “efeitos colaterais relativamente toleráveis”. 

Estes incluem cansaço e dor no braço quando a injeção é administrada, e acrescenta que, para a maioria dos pacientes, não parece ser pior do que a vacina contra a gripe ou a covid-19. 

Fonte: BBC

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