Sabemos que a Hipocondria é uma condição que faz com que o indivíduo acredite que possui ou que terá alguma doença, transtornos ou problemas, geralmente identificando sintomas observando a própria rotina ou mesmo considerando aspectos que não são visíveis para terceiros.
É até comum quando temos medo de algo ou nos prevenirmos de forma correta de alguma doença, ouvir algumas piadas sobre a hipocondria. Porém, a hipocondria não se trata de algo simples ou fácil e, muitas vezes, pode levar anos e muito sofrimento até que o paciente seja diagnosticado, resultando no consumo de muitos medicamentos e até de procedimentos médicos invasivos.
Entendo a hipocondria:
A patologia pode-se desenvolver a doença em qualquer fase da vida, desde a infância até a velhice. Na maioria dos casos começa de forma quase leve, com uma preocupação natural relacionada a algum aspecto, mas que progride e se torna excessiva, quase assemelhando-se a uma obsessão, sendo assim, pode surgir decorrente de uma dor muscular, uma dor no dente, alteração na cor da urina ou mesmo após um quadro real, de alguma doença.
Por exemplo, tudo pode começar com uma dor de cabeça que leva a muitos remédios e exames, com a crença de que existe um tumor, chance de AVC ou mais. Quando nada é encontrado, após algum tempo, o sujeito passa a identificar que essa dor pode estar relacionada a outro fator, como um problema nos olhos/visão, problemas hormonais, anemia ou uma doença crônica. Tudo isso acompanhado de “sintomas” que parecem comprovar tudo. Portanto, não existem doenças específicas que o hipocondríaco “tem”. Mas podem envolver tumores/canceres, sistema cardíaco, doenças venéreas ou mesmo uma gripe, infecções e dengue. Enfim, qualquer doença que ele possa conhecer, pode ser a escolhida.
Por mais que possa parecer estranho uma pessoa se sujeitar a tantos exames e procedimentos sem que isso seja para chamar atenção ou para usar como desculpa de alguma coisa, a realidade de quem possui a patologia é que a preocupação e o medo são totalmente reais e irracionais. Neste cenário, ele acredita que precisa buscar uma cura, alguém que possa encontrar o que está errado, da mesma maneira, é uma forma temporária de ver a saúde como algo que está bem, garantindo algum alívio. Claro que isso só dura até que a próxima ideia se instale.
Identificando o problema:
A hipocondria, assim como outras doenças psiquiátricas, possui alguns sintomas característicos, que podem ajudar na identificação do quadro.
Entretanto, não é o indivíduo que tem a doença que percebe esses sinais, mas aqueles que estão “de fora”, sejam amigos, médicos, familiares ou mesmo filhos e cônjuges.
Sendo assim, fique atento a:
- Apreensão excessiva sobre saúde sem motivo aparente;
- Ansiedade prolongada;
- Pesquisa e consultas médicas frequentes;
- Busca contínua por sintomas;
- Medo de morrer ou ideia de que está à beira da morte;
- Pensamento obsessivo com a doença;
- Isolamento social;
- Descrença contínua em profissionais da saúde, geralmente após exames e consultas frustradas.
Ao mesmo tempo, é comum uma somatização. Ou seja, a percepção de um quadro ou conhecimento de uma doença parece gerar sintomas associados a ele, causados por fatores emocionais. Também é comum que esses pacientes procurem um atendimento terapêutico para confirmar o quadro, para que alguém entenda e valide todos aqueles sintomas.
Por exemplo, você começa a ler sobre sintomas de enxaqueca e tumores cerebrais. Em pouco tempo, começa a notar que tem alguns daqueles sintomas. No dia seguinte, um daqueles que você leu começa a se manifestar, quase comprovando o seu quadro. Neste aspecto, é possível que você sinta dores tão fortes que não consegue cumprir com a rotina, tem crises de choro e até desmaia.
Existe tratamento?
A partir do diagnóstico, o tratamento é iniciado com atendimentos psicoterapêuticos. Uma das abordagens mais recomendadas é a Cognitivo-Comportamental. Porém, a forma como esse tratamento vai acontecer é individual, a partir dos transtornos associados, saúde, estilo de vida e outras questões do paciente.
Geralmente, são estabelecidas algumas regras básicas, como:
- Parar qualquer pesquisa por doenças ou sintomas;
- Reduzir o consumo de internet;
- Definir uma rotina a ser seguida;
- Trabalhar em mudanças rápidas, como fazer algum exercício ou sair com pessoas que você goste;
- Buscar formas de desmistificar as crenças;
- Reformar a autoestima;
- Aprender a reconhecer as crises de ansiedade, desenvolver formas de se recuperar e lidar com isso;
- Equilibrar o humor e entender o que causa picos de estresse, para reduzi-los;
- Parar com a automedicação e realização de exames sem justificativa profissional;
- Parar de procurar por vários profissionais e estabelecer uma relação com uma equipe ou médico.
Enfim, a forma como o tratamento vai acontecer varia conforme as suas necessidades e o quadro, que é observado de forma ampla e intrínseca, considerando todas as características que diferenciam a condição.
Fonte: Fepo