O estigma social que envolve a saúde masculina 

 

A ciência comprova e a experiência da vida demonstra na prática: ter uma boa saúde, mais do que genética, é consequência das escolhas. Hábitos saudáveis são o caminho para viver bem e envelhecer com qualidade. A prevenção também faz parte dessa fórmula de sucesso: inúmeras doenças possuem grandes chances de cura quando diagnosticadas precocemente.  

Por um lado, temos as provas científicas, e por outro, os preconceitos sociais. A saúde dos homens, mesmo nos tempos atuais, ainda é cercada por ideias preconcebidas. Os homens geralmente não se preocupam tanto com sua saúde e, como resultado, não costumam procurar médicos com frequência. Um estudo realizado no Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo revela que 70% dos homens que vão ao médico foram influenciados por suas esposas ou filhos. Esse estudo também aponta que mais da metade desses pacientes adiaram a consulta médica, o que resultou em doenças em estágios avançados quando finalmente buscaram ajuda. 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, homens brasileiros vivem, em média, 7 anos a menos que as mulheres. Entre as causas de morte prematura estão a violência e acidentes de trânsito, além de doenças cardiovasculares. Por esse motivo, a campanha de conscientização Novembro Azul, que fala sobre a conscientização sobre o câncer de próstata, ampliou o seu leque.  

O movimento quer conscientizar ainda mais a população masculina sobre a necessidade de cuidar do seu corpo e também da mente. Praticar atividade física, ter uma alimentação adequada e saudável, manter o peso saudável, não fumar, praticar sexo seguro e cuidar da saúde mental são fundamentais para a promoção da saúde e para a prevenção de doenças. O que inicialmente era uma campanha sobre o câncer de próstata, hoje aborda todas as principais doenças que acometem os homens, como o diabetes mellitus e as doenças cardiovasculares.  

De acordo com Paulo Salustiano, médico urologista e preceptor no ambulatório de uro-oncologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, os homens morrem mais e mais cedo que as mulheres em qualquer lugar do mundo. E existem teorias para isso, sendo uma delas que eles se expõem mais aos riscos desde a juventude. A outra é a resistência do homem em ir ao médico. O profissional explica ainda que as mulheres geralmente têm um acesso mais rápido e mais precoce ao médico. Elas iniciam esse cuidado na infância, quando passam pelas consultas de puericultura/pediatria, e, após a puberdade, passam a manter um acompanhamento de saúde periódico para a realização do exame preventivo (citopatológico). Sendo assim, desde a adolescência são estimuladas a se cuidarem. Os homens, por outro lado, costumam ter uma perda de seguimento depois da fase de puericultura.  

Essa resistência maior em procurar os serviços de saúde pode ter como causa o medo de descobrir uma possível doença. O médico explica que a raiz desse receio pode ser financeira. Isso porque, na fase adulta, muitos homens são, economicamente falando, a base de sustentação da família e têm medo de adoecer. Além disso, existem questões culturais envolvidas. 

De acordo com o livro Saúde do Homem: ações integradas na Atenção Básica, a cultura de que o homem não pode ser vulnerável ainda estimula sua exposição a riscos e à redução do cuidado com a sua saúde. Assim, por vergonha ou preconceitos, os homens muitas vezes não assumem que precisam de cuidados.  

As campanhas ajudam muito a conscientizar o público masculino sobre a necessidade e a importância de buscar a sua equipe de saúde periodicamente.  Além do câncer de próstata, outras condições que podem acometer a população masculina e que merecem atenção são: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, infecções sexualmente transmissíveis, disfunção erétil, ejaculação precoce, hiperplasia benigna da próstata, alterações hormonais e a andropausa.  

Isso sem falar também das questões que envolvem a saúde mental. Diversos fatores podem causar alterações emocionais, como responsabilidades familiares, frustrações financeiras e problemas no trabalho. É preciso entender que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física, e que o tratamento com psicoterapia ou medicamentos pode ser necessário.  

Fonte: GOV.BR 

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