A tocofobia é o medo extremo e irracional da gravidez e do parto. Essa condição pode afetar mulheres em idade fértil e pode se manifestar de diversas maneiras, desde ansiedade moderada até um medo paralisante. As causas da tocofobia podem variar e incluir experiências traumáticas passadas, informações negativas sobre o parto, preocupações com a saúde da mãe ou do bebê, entre outros fatores.
É importante destacar que a tocofobia não é simplesmente um medo comum relacionado à gravidez e ao parto, mas sim uma condição mais intensa e debilitante. Pode impactar a qualidade de vida das mulheres afetadas, interferindo em suas decisões sobre a maternidade.
O tratamento para a tocofobia pode incluir terapia cognitivo-comportamental, aconselhamento psicológico, e em alguns casos, intervenções médicas para lidar com os aspectos físicos relacionados ao parto. Se alguém está enfrentando esse medo, é aconselhável procurar ajuda profissional para avaliação e suporte adequado.
Motivos que levam à tocofobia:
. Mudança de prioridades:
A ginecologista Mariane Nunes, membro da Comissão de Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica que a fobia é resultado de dois pontos: a mudança social em relação ao papel da mulher, em que a gestação passou a ser uma escolha e não obrigação; e a desinformação on-line.
Essa mudança na prioridade em ser mãe vem sendo observada desde os anos 70 quando, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), começou a sequência de quedas na velocidade de crescimento da população brasileira — consequência de menos nascimentos.
Entre os anos de 2010 e 2022, esse índice atingiu o menor número dos últimos 150 anos, ficando abaixo de 1%.
. Desinformação on-line:
Você já deve ter visto casos de mulheres que contam na internet terem engravidado, mesmo usando contraceptivo. Os ginecologistas dizem que é possível, já que não há 100% de eficácia, mas é preciso analisar o modo de uso: o DIU foi colocado de forma correta e foi feito exame de rotina para saber se ele estava no lugar? O anticoncepcional foi usado conforme a determinação do fabricante? O implante estava dentro do prazo de eficácia?
Essas perguntas não são respondidas por quem faz esse tipo de publicação e as ginecologistas dizem que, na maior parte dos casos, são alarmistas e não parte da porcentagem da taxa de falha de cada método.
O consenso é que esse tipo de conteúdo on-line só desinforma e é um agravante dessa fobia vista em mulheres.
O que os especialistas pontuam é que apesar de não existir um método 100% seguro, a chance é mínima em vários deles.
. Solidão no cuidado:
A ginecologista e obstetra Mariana Lemos Osiro, que atende na rede pública de São Paulo, explica que um dos pontos de ansiedade sobre a gestação para quem não quer ter filhos é, em muitos casos, a solidão da mulher como única responsável pela proteção.
Essa solidão não é só sobre a proteção, mas também sobre o risco de abandono na maternidade. Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil tem mais de 11 milhões de mães que criam os filhos sozinhas.
Fonte: G1