Quero parar de usar o cigarro eletrônico. O que fazer? 

The face of vaping young man on black studio background

Muitas pessoas não percebem que o cigarro eletrônico é tão prejudicial à saúde quanto o cigarro comum, devido aos seus disfarces, cheiros e aromas atraentes. Jovens em todo o mundo estão adotando essa tendência sem estar cientes dos perigos envolvidos. Um desses perigos é a dependência química, causada pela presença de nicotina em produtos como os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), que podem ser fontes dessa substância, assim como os cigarros tradicionais e outros derivados do tabaco. O resultado inevitável é o vício. 

De acordo com Andrea Reis, chefe da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a nicotina, uma substância encontrada nas folhas de tabaco, é a principal responsável pelo tabagismo. Ela é psicoativa e afeta o Sistema Nervoso Central (SNC), alterando o estado emocional e comportamental do fumante. Isso ocorre porque a nicotina aumenta a liberação de neurotransmissores ligados à sensação de prazer, satisfação e motivação. Portanto, a nicotina é a causa da dependência química, tornando os usuários dependentes tanto do ponto de vista psicológico quanto comportamental. 

Para entender como essas outras duas dependências acontecem, Andrea explica que, no aspecto psicológico, a pessoa desconta as emoções boas ou ruins no cigarro. Por exemplo quando está triste, sob estresse ou até mesmo feliz. Na outra, o fumante vai associando comportamentos ao ato de fumar: tomar um café, tirar um intervalo no trabalho, ir a uma festa, beber, entre outros.  

A nicotina presente nos cigarros eletrônicos geralmente é encontrada nas substâncias líquidas chamadas essências usadas nesses produtos. Importante notar que esses produtos podem conter uma quantidade muito maior de nicotina do que os cigarros tradicionais, como explicou Stella Martins, especialista em dependência química da área de Pneumologia no Hospital das Clínicas (HC) da USP, em uma entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição. 

“O grande diferencial do eletrônico para o tradicional é que no primeiro, no lugar do tabaco macerado, é aquecida a nicotina líquida. O cigarro tradicional no Brasil tem um limite de 1 mg de nicotina por cada cigarro, enquanto os eletrônicos, que são pequenos e se assemelham a um pen drive, chegam a até 57 mg da substância por ml do líquido”, afirma Stella Martins. Cabe destacar que essa quantidade de nicotina pode variar, conforme o produto utilizado. Mesmo os produtos que não possuem nicotina podem causar malefícios importantes à saúde, visto que contêm outras substâncias tóxicas e impróprias para uso inalatório. 

Somado a isso, a especialista do INCA, Andrea Reis, afirma que além de ser viciante, o nível de exposição do usuário ao cigarro eletrônico tende a ser muito maior. Enquanto o cigarro tradicional chega ao fim em algum momento, a pessoa só volta a fumar um tempo depois, o eletrônico fica ali constantemente sendo usado, praticamente o dia inteiro, a qualquer hora e lugar. Isso é um ponto importante porque os DEFs acabam sendo mais bem aceitos em vários ambientes por não possuírem uma fumaça tão incômoda.  

Como parar? 

Andrea explica que, como os cigarros eletrônicos são relativamente novos no mercado, ainda não há certeza se as pessoas precisam seguir os mesmos passos para parar de usá-los como fazem com os cigarros tradicionais. No entanto, a orientação atual é que as pessoas busquem ajuda para parar de fumar, incluindo apoio psicológico, se necessário e disponível, para entender o que as leva a usar esses produtos. É importante durante esse apoio identificar os danos causados pelo cigarro eletrônico. Embora tenham sido concebidos como menos prejudiciais e até como auxílio no tratamento do tabagismo, na prática eles são tão prejudiciais quanto os cigarros tradicionais e não têm eficácia comprovada na cessação do tabagismo. Portanto, a profissional enfatiza que parar de fumar significa não consumir nicotina nem seus derivados. 

Você quer parar de fumar? 

Não se deixe enganar pelas aparências. O cigarro convencional mostra claramente seus malefícios, enquanto o cigarro eletrônico se disfarça como algo divertido e inofensivo. No entanto, ambos podem prejudicar sua saúde. A melhor opção é sempre parar de fumar. 

O Ministério da Saúde oferece ações para promover a saúde e reduzir o número de fumantes e o consumo de tabaco. Uma estratégia crucial é o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). Através desse programa, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece tratamento completo e gratuito para quem deseja parar de fumar. 

Descubra onde pode obter tratamento em sua cidade. Para informações mais detalhadas, entre em contato com a coordenação de controle do tabagismo da secretaria estadual ou municipal de saúde ou visite a Unidade Básica de Saúde mais próxima para obter mais orientações. 

Fonte: Gov.br 

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